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OIM realiza nova capacitação sobre tratamento e prevenção à malária e COVID-19 na Terra Indígena Yanomami, entre Roraima e Amazonas

Foram capacitadas 35 pessoas para prática de leitura de lâminas para diagnóstico do tipo de malária, tratamento da doença e registro dos testes que são realizados de detecção dos casos

A psicóloga Nicole durante capacitação com a comunidade indígena

Equipe da OIM carrega avião que os levará para a Terra Indígena Yanomami

Nos 15 dias de estadia na comunidade de Novo Demini, a equipe de saúde da OIM realizou 54 atendimentos médicos e formou dois grupos para atividades sobre saúde da mulher

Capacitação durou 15 dias na comunidade de Novo Demini, durante o último mês de dezembro

Boa Vista – A Organização Internacional para as Migrações (OIM) promoveu novas capacitações de prevenção e tratamento à malária e à COVID-19 na Terra Indígena Yanomami, na região de Barcelos, na fronteira entre os estados de Roraima e Amazonas, no Norte do Brasil. O treinamento durou 15 dias na comunidade de Novo Demini, durante o último mês de dezembro.

Com apoio do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), Instituto Socioambiental (ISA) e da Associação Hutukara Yanomami (HAY), a equipe de quatro profissionais de saúde da OIM deixou a capital Boa Vista em um avião de pequeno porte para chegar à localidade, em um voo de quase 2 horas de duração até a Floresta Amazônica.

Foram capacitadas 35 pessoas para prática de leitura de lâminas para diagnóstico do tipo de malária, tratamento da doença e registro dos testes que são realizados de detecção dos casos. Além das aulas, a OIM forneceu materiais impressos e apostilas sobre a doença.

Durante as aulas, um assessor do DSEI Yanomami auxiliou nas traduções e na mediação cultural entre a equipe e o povo originário. Um profissional de endemias também ajudou na leitura de lâminas para exame de gota espessa e manuseio de microscópio.

Essa foi a segunda vez que a organização ingressou na Terra Indígena para ministrar cursos sobre as doenças infecciosas que atingem a região, sendo a primeira registrada em abril. Antes da ação na comunidade, houve uma roda de conversa com o antropólogo e missionário italiano Carlo Zacquini, atuante com o povo Yanomami há 50 anos, para troca de conhecimentos socioculturais e sobre projetos de saúde realizados com a população local.

Segundo a liderança da comunidade, Totô, os casos de malária na região têm demonstrado aumento e o apoio de organizações é fundamental para o combate e prevenção à doença. “Isso é bom para nós, Yanomami. Temos que ter pessoas aqui que deem apoio para as equipes no combate à malária”, relatou através do tradutor.

Além da capacitação em malária, foram ofertadas aulas de português e matemática básica para aplicação desses conhecimentos na prova do Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima (LACEN), que dará a certificação de microscopistas, prevista para ocorrer no mês de abril.

“É muito importante essa aproximação com os Yanomami para apoiarmos nesses cursos e escutá-los diretamente sobre as necessidades de saúde. Como estávamos em campo, tudo foi identificado no território junto a eles. Ficamos em uma grande casa compartilhada e conhecemos a dinâmica social da comunidade”, relatou a psicóloga da OIM Nicole Cruz.

 ATENDIMENTOS – Nos 15 dias de estadia na comunidade de Novo Demini, a equipe de saúde da OIM prestou 54 atendimentos médicos e formou dois grupos para atividades sobre saúde da mulher. Entre as doenças mais relatadas durante as consultas, estavam malária, síndromes respiratórias e diarreia.

Foram identificados 14 casos de malária, sendo 7 de malária falciparum, a forma mais grave da doença. Uma criança foi atendida pelo médico da organização e encaminhada para tratamento em outra localidade.

Em agradecimento aos cursos e à visita, os moradores promoveram uma cerimônia festiva para os profissionais que estavam na ação. “Ter participado de alguns ritos culturais foi muito significativo para pensar o bem-viver Yanomami. Na festa demonstraram que estavam felizes e isso foi muito bonito, pois consegui ver a relação da produção de saúde mental para eles. Os Yanomami daquela região sorriem muito e, para mim, que sou psicóloga, o riso é uma ferramenta importante para o bem-estar. Foi muito emocionante”, complementou Nicole.

CORONAVÍRUS – Os Agentes de Saúde Indígena (AIS) e de Saneamento (AISAN), barqueiros e lideranças receberam informações atualizadas sobre o novo coronavírus, com estabelecimento de medidas de proteção e cuidados sobre novas variantes. Na comunidade, a vacinação contra a COVID-19 foi realizada pelo Ministério da Saúde. A OIM distribuiu máscaras de proteção e álcool em gel para apoiar o combate à propagação do vírus.

Novas visitas da equipe da OIM em outras comunidades da Terra Indígena Yanomami já estão previstas para os próximos meses para capacitação dos microscopistas.

As atividades da OIM com a população Yanomami contam com o apoio financeiro da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).