Manaus – Motivadas pela busca de novas oportunidades em um novo país, Eucaris e as duas filhas, Ema e Luisciandrys, atravessaram a fronteira do Brasil com a visão de uma nova vida. O ponto de partida foi na cidade venezuelana de El Tigre, no estado de Anzoategui, com o destino a Chapecó, em Santa Catarina.

“Eu trabalhava como vendedora, de maneira independente, na Venezuela. Mas não tinha uma renda estável. Foi quando decidi vir para o Brasil. Foi a primeira vez que saí do meu país... isso me deixa um pouco emocionada”, confessa Eucaris.

O trajeto para chegar a Pacaraima, a cidade brasileira na fronteira entre os dois países foi um marco para ela e as filhas. “Passamos por alguns desafios, caminhamos durante muito tempo e, durante a pandemia, tivemos essa preocupação a mais para lidarmos. Tivemos muito cuidado ao sair, principalmente pela saúde das minhas filhas”, relembra.

No Brasil, as três seguiram até Manaus, no Amazonas, e foram apoiadas pela Operação Acolhida, resposta humanitária do Governo Federal ao fluxo migratório de venezuelanos. Dentro do processo de regularização migratória apoiado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), conheceram a Estratégia de Interiorização e a possibilidade para refugiados e migrantes venezuelanos vulneráveis terem apoio para irem de maneira voluntária para outras cidades do território brasileiro.

“Assisti a uma sessão informativa sobre a estratégia no Posto de Interiorização e Triagem (PITRIG) de Manaus e fiquei curiosa sobre o processo. Recebi as orientações por parte dos funcionários da OIM e, por ter familiares e amigos em Chapecó, pude iniciar os trâmites da viagem”, comenta.

Por meio da interiorização, Eucaris irá realizar a viagem na modalidade de Reunião Social, na qual encontrará a amiga Julliaan, de longa data e que também participou voluntariamente do processo de viagem através da Vaga de Emprego Sinalizada (VES), chegando na cidade catarinense já com uma oportunidade de emprego.

Com a viagem para o Sul, o sonho de reencontrar outros familiares que estão no Brasil motiva Eucaris a se manter firme nos objetivos de recomeçar uma nova vida. “Meu sonho é rever minha mãe. Vou ter novas oportunidades, só penso em garantir um emprego e ter estabilidade para minhas filhas para uma vida melhor”, afirma.

EDUCAÇÃO – Com o apoio da OIM durante a avaliação médica e de documentação pré-viagem, as filhas de Eucaris receberam o kit com mochila do Passaporte para a Educação, uma parceria entre a OIM e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Entre os materiais, as crianças ganham uma cartilha lúdica com informações culturais sobre o Brasil e outra sobre a prevenção contra o novo coronavírus, já os pais têm acesso a um informe sobre o processo de matrícula e transferência escolar no País.

O projeto Passaporte para a Educação recebe o suporte financeiro da Proteção Civil e Ajuda Humanitária da União Europeia (ECHO).

As atividades da OIM na Estratégia de Interiorização são realizadas com o apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos.