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OIM, UNICEF e Prefeitura da Cidade de São Paulo facilitam o ensino a distância de milhares de crianças refugiadas e migrantes

São Paulo - Cerca de 4 mil crianças refugiadas e migrantes entre 0 e 8 anos matriculadas na Rede Municipal de Ensino de São Paulo começam a receber o material intitulado: “Trilhas de Aprendizagens” em diversos idiomas. O objetivo é garantir uma maior inclusão desta população estudantil que não tem o português como primeira língua, e apoiá-la durante o período de ensino remoto, devido ao fechamento das Unidades Educacionais ocasionado pela pandemia de COVID-19.

O material traduzido em inglês, francês e espanhol, em complemento ao oficial em língua portuguesa, servirá de apoio à tarefa dos familiares na rotina de aprendizado e ajudará a fomentar uma integração sustentável desta população. A impressão e a distribuição estão sendo realizadas com o apoio da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

“A OIM está comprometida em garantir que os venezuelanos e demais migrantes e refugiados no Brasil tenham acesso à educação, facilitando sua integração econômica sustentável no futuro, alcançando cada menino e menina, não deixando nenhuma criança para trás”, destaca o chefe de missão da OIM no Brasil, Stéphane Rostiaux.

“É fundamental redobrar esforços para garantir que crianças e adolescentes refugiados e migrantes mantenham o vínculo com a escola e continuem aprendendo neste momento de pandemia. É também essencial já ir construindo estratégias para que esses alunos voltem às escolas assim que reabrirem”, explica a representante do UNICEF no Brasil, Florence Bauer.

Para Edith Q., venezuelana, 34 anos, que chegou ao Brasil há cerca de um ano e agora mora em São Paulo, a oportunidade de auxiliar o filho Dylan, de 4 anos, matriculado na pré-escola da rede municipal de ensino, com o material de apoio facilitará o cotidiano da família nesse período de isolamento social.

"Fico muito feliz com a possibilidade de apoiar meu filho durante o ensino em casa. Tem sido difícil, mas o material em espanhol facilita meu entendimento dos tópicos e assim posso ajudá-lo no estudo e tirar suas dúvidas”, relata Edith. “É muito importante para nossa integração no Brasil e assim posso também focar em buscar oportunidades de trabalho para mim durante esse período. Agradeço muito o cuidado e atenção que a OIM, UNICEF e o governo brasileiro têm dado ao nosso acolhimento e inclusão no país", finaliza.

 

Ensino acessível a todas e todos

Após mapeamento da presença de migrantes, a Secretaria Municipal de Educação (SME) de São Paulo definiu os idiomas para tradução tendo em vista a recorrência de estudantes matriculados na Rede de nacionalidades que utilizam essas línguas como primeiro idioma. A iniciativa fortalece assim os esforços da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo para um ensino acessível a todas e todos.

“Em tempos de isolamento social, o Núcleo de Educação Étnico Racial - NEER compreende a equidade como princípio básico e busca atender as necessidades educacionais das meninas e meninos matriculados na Rede Municipal de Ensino a partir da premissa de que todos têm direitos, mas que as peculiaridades e necessidades individuais devam ser atendidas. Traduzir o “Trilhas de Aprendizagens” proporciona acesso e autonomia às famílias que conseguirão realizar as mediações com os bebês e as crianças”, ressalta a coordenadora do NEER, Jussara Santos.

A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo por meio do Núcleo Técnico de Currículo - NTC, desde 2017, coordena a produção do “Currículo da Cidade”, material orientador das práticas educacionais da Rede Municipal de Ensino que se pauta nos princípios de Equidade, Educação Integral e Educação Inclusiva, além de outros documentos que subsidiam as práticas das educadoras e educadores.

Integrante do NTC, o Núcleo de Educação Étnico Racial -NEER, em parceria com a Secretaria dos Direitos Humanos e Cidadania - SDHC, compreendeu a necessidade de traduzir os cadernos “Trilhas de Aprendizagens”, uma vez que, em tempos de isolamento social, as famílias migrantes são as mediadoras das aprendizagens.

São Paulo é o município brasileiro com o maior número de migrantes e refugiados registrados, contabilizando atualmente mais de 360 mil pessoas, segundo dados da Polícia Federal. É também o segundo município brasileiro a mais receber venezuelanos e venezuelanas via o programa de interiorização do governo federal, com mais de 2,400 beneficiários.  A cidade é ainda referência global em boas práticas de governança migratória.

O apoio da OIM nesta atividade é realizado no marco do Projeto “Oportunidades – Integração no Brasil”, financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).