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OIM e MDS divulgam resultados da Matriz de Monitoramento realizada em todos os municípios de Roraima

Boa Vista – A OIM, Agência da ONU para as Migrações, e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) divulgaram nesta quinta-feira (23) os resultados da 7ª rodada da Matriz de Monitoramento de Deslocamento (DTM, em inglês) referente aos dados coletados entre os meses de novembro e dezembro de 2022. Esta é a primeira vez que o levantamento é realizado em todos os 15 municípios de Roraima. A Apresentação foi feita no evento “Migração Venezuelana em Números”, promovido pelas organizações na Universidade Federal de Roraima (UFRR). 

Desenvolvida globalmente pela OIM, a DTM é a sua principal ferramenta que reúne e analisa os dados sobre a mobilidade e as vulnerabilidades das pessoas em deslocamento. A pesquisa é feita por meio de entrevistas, permitindo que as informações sejam sistematizadas em diversos níveis para apoiar na criação de políticas públicas baseadas em evidências. Em Roraima, a Agência da ONU faz o monitoramento desde 2017 com refugiados e migrantes venezuelanos. 

Nesta rodada, realizada com o MDS e com o apoio da Pastoral dos Migrantes e da Secretaria de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) de Roraima, além do fluxo migratório, foram levantadas informações sobre o perfil sociodemográfico dos venezuelanos estabelecidos no estado, incluindo informações sobre meios de vida, alimentação, moradia e saúde.  

“Para que possamos ajustar a atuação da resposta humanitária às necessidades de refugiados e migrantes são necessárias informações e evidências de qualidade. Isto contribui para que o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome continue trabalhando incansavelmente para garantir a acolhida de migrantes e refugiados venezuelanos em sintonia com os princípios e seguranças do Sistema Único de Assistência Social-SUAS”, Niusarete Lima, coordenadora do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização (SUFAI). 

A pesquisa engloba mais de 5.000 pessoas cujos dados foram obtidos por mais de 1350 entrevistas individuais com pessoas que representavam também seus núcleos familiares. Para alcançar todas as localidades roraimenses, a equipe contou com o suporte das Secretarias Municipais que apoiaram com entrevistadores e informações sobre os municípios. 

Entre os resultados obtidos, destacam-se: 

PERFIL DEMOGRÁFICO 

  • 50% homens, 50% mulheres 

  • Idade média: 24 anos de idade 

  • Escolaridade: 43% possuem o Ensino Médio completo  

  • Raça: 62% se identificam como negros e pardos 

MIGRAÇÃO 

  • 68% das pessoas viajaram em grupo 

  • 95% não querem deixar o Brasil 

  • 77% da população pesquisada possui autorização de residência no Brasil 

TRABALHO E RENDA 

  • 83% da população ocupada está alocada em atividades no setor informal. 

  • 54% recebiam benefícios sociais no momento da realização da pesquisa. Dessas, 81% recebiam o Auxílio Emergencial ou Bolsa Família 

  • 47% das pessoas entrevistadas enviam algum tipo de recurso para a Venezuela.  

MORADIA 

  • 78% residem em moradias alugadas. 

  • 39% das pessoas entrevistadas afirmaram não ter assegurado um lugar para viver no mês seguinte.  

SAÚDE 

  • 59% relataram que alguém do seu domicílio, incluindo a si próprio, precisou de atenção médica nos últimos 3 meses.  

  • 81% receberam atendimento de pré-natal no Brasil. 

O levantamento também apontou que 27% dos entrevistados informaram terem sofrido algum tipo de discriminação, sendo principalmente por conta da nacionalidade (89%) ou situação econômica (7%).  

“A OIM está engajada em aumentar as informações e conhecimentos sobre a população refugiada e migrante venezuelana que escolheu o Brasil como país como residência. Essa rodada da DTM é extremamente relevante para fomentar políticas públicas e a atuação dos atores na resposta humanitária, sendo possível entender o contexto e perfil desse grupo”, disse a coordenadora de emergência da OIM, Maria Oliveira Ramos. “Seguimos fortalecendo nossos processos e capacidades na gestão da informação para promoção de dados oficiais sobre o fluxo venezuelano”, complementou. 

Além das rodadas em Roraima, a OIM também conduziu a pesquisa sobre a população venezuelana em Manaus e no Maranhão, com foco na população indígena de etnia Warao, além de duas rodas nacionais específicas sobre a população venezuelana indígena (a segunda a ser publicada). 

EVENTO – Além da apresentação dos dados da Matriz de Monitoramento e Deslocamento, a OIM levou informações sobre as demais atividades desenvolvidas pela equipe no contexto da Operação Acolhida, resposta humanitária do governo brasileiro ao fluxo venezuelano, como os levantamentos mensais sobre interiorização e migração venezuelana, feitos em apoio aos subcomitês da emergência. 

O evento contou com a participação de organizações da sociedade civil, comunidade acadêmica e público geral, que puderam entender mais sobre as ações e sistematizações de monitoramento da população no contexto migratório em Roraima.  

CONSULTE AQUI A 7ª RODADA DA DTM 

Essas atividades da OIM contam com o apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América.