Levantamento revela que 94% da população entrevistada não pretende sair do Brasil nos próximos 12 meses e 74% viajou em grupo

Boa Vista – A Agência da ONU para as Migrações (OIM) e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) publicaram os resultados da 8ª rodada da Matriz de Monitoramento e Deslocamento (DTM), feita nos 15 municípios roraimenses entre novembro e dezembro de 2023. Os dados foram apresentados nesta sexta-feira (26), no evento “Dados sobre a população venezuelana refugiada e migrante em Roraima”, realizado no formato de webinário.

ACESSE AQUI OS RESULTADOS COMPLETOS DA 8ª RODADA DO DTM

Nessa rodada, a OIM realizou 931 entrevistas individuais com pessoas de 18 anos ou mais no estado de Roraima. Foram feitas perguntas aos entrevistados sobre os membros em seus domicílios, perfazendo o total de 3.813 de população pesquisada.

Dentre os dados de trabalho e renda destacados, a DTM revela que quase 50% da população pesquisada enviou algum tipo de recurso para familiares que permaneceram na Venezuela e que 76% das pessoas ocupadas atuam no setor informal. Já em relação à saúde, foi informado que 90% das crianças e adolescentes (0 a 17 anos) possuem esquema vacinal completo de acordo com o calendário do SUS para sua faixa etária. Quanto À moradia, 76% das pessoas pesquisadas residem em moradias alugadas. Alimentação, acesso à renda e trabalho e à assistência médica foram as três principais necessidades informadas.

“Publicar dados baseados em evidências é muito importante para subsidiar na construção de normativas, orientações técnicas e fortalecer nossas políticas públicas.  A disponibilização desta DTM, em parceria com a OIM, certamente será uma ferramenta muito útil para nossas equipes e gestores, tanto da Assistência Social como de outras áreas de governo e sociedade civil”, afirmou a Coordenadora de Atenção ao Migrante e Refugiados no SUAS e Coordenadora do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização de Imigrantes em Situação de Vulnerabilidade, Niusarete Lima.

“Essa rodada da DTM alcançou um marco significativo ao cobrir, pelo segundo ano consecutivo, todos os municípios de Roraima. Ao compreendermos a realidade, o perfil e as perspectivas da população refugiada e migrante da Venezuela que reside no estado, fornecemos subsídios para embasar decisões e políticas públicas mais eficazes que vão ajudar não apenas as pessoas em movimento, mas à sociedade como um todo”, frisou a coordenadora de Gestão de Informação da OIM, Micheline Cunegundes.

A DTM é uma ferramenta com diferentes metodologias de pesquisas desenvolvidas pela OIM, para este relatório foi realizada a Pesquisa de Monitoramento de Fluxo Migratório (FMS, na sigla em inglês), que permite o entendimento sobre as múltiplas possibilidades de trajetórias, dificuldades e perfil dos entrevistados. A pesquisa abordou escolaridade, trabalho e renda, aspectos de proteção e outros temas sobre a vivência de venezuelanos e venezuelanas domiciliados em Roraima.

A DTM em território roraimense contou com parceria da Pastoral dos Migrantes e da Secretaria de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), do governo estadual. Durante a aplicação da pesquisa nos municípios, a OIM também teve apoio das secretarias municipais para assistência nas características de cada localidade.

Realizada globalmente pela OIM, a DTM é sua principal ferramenta para analisar dados sobre mobilidade e vulnerabilidade das populações em movimento. Por meio de entrevistas, a pesquisa permite a sistematização das informações para a criação de políticas públicas, com bases em evidências de dados, voltadas às necessidades desse grupo. Em Roraima, a organização monitora refugiados e migrantes venezuelanos desde 2017.

MONITORAMENTO – Além da DTM, a OIM faz o monitoramento mensal da população refugiada e migrante venezuelana que se encontra fora dos abrigos federais da Operação Acolhida, resposta humanitária do governo brasileiro.

Por meio de questionário e contagem da população, a organização coleta informações sobre quantidade de pessoas residindo em ocupações espontâneas, nos Postos de Recepção e Apoio (PRA) e em situação de rua, necessidades primárias, renda e trabalho, saúde, educação e acesso à alimentação. Os dados são publicados no site da OIM todos os meses para apoiar na identificação do perfil desse grupo e criação de ações para mitigar as vulnerabilidades.

As atividades da OIM na DTM contam com o apoio financeiro do Escritório de População, Refúgio e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América