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OIM apoia delegação de lideranças indígenas venezuelanas durante Acampamento Terra Livre

Brasília – O Acampamento Terra Livre (ATL) deste ano contou com a maior delegação de povos indígenas em mobilidade internacional em suas edições. Com o apoio da OIM, Agência da ONU para as Migrações, entre outras agências, 30 lideranças indígenas venezuelanas, sendo 20 mulheres, das etnias Warao, Taurepang e Kariña, provenientes de seis estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil estiveram presentes no evento que ocorreu entre os dias 22 e 26 de abril em Brasília (DF). 

Organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), o ATL é o maior evento de mobilização dos povos indígenas do Brasil e a participação dos indígenas venezuelanos reforça a presença destas etnias no território brasileiro. Assim, a OIM apoiou tecnicamente a organização de atividades junto à delegação, além de prestar auxílio com alimentação e kits de higiene pessoal. 

Para sensibilizar e informar sobre temas de saúde, a OIM e a Secretaria de Saúde do Governo do Distrito Federal (SES-GDF) realizaram uma roda de conversa informativa. Foram tratados   temas de prevenção à tuberculose, segurança alimentar e a importância de uma alimentação culturalmente adequada, vacinação, dignidade menstrual e dadas informações sobre o Serviço Único de Saúde (SUS). Os presentes puderam tirar dúvidas e apresentar demandas específicas sobre saúde indígena a partir das experiências em suas comunidades. 

O médico e antropólogo Fernando Natal, membro da equipe da Gerência de Atenção à Saúde de Populações em Situação Vulnerável e Programas Especiais (GASPVP), tratou da importância de um atendimento de saúde que considere a identidade étnica de cada comunidade. "A SES/DF e a GASPVP têm periodicamente apoiado o ATL em todas as suas edições principalmente no que se refere às ações da Tenda de Cuidados do acampamento, à distribuição de medicamentos de emergência, preservativos masculinos e femininos e materiais para pequenos procedimentos médicos, além da logística de eventuais atendimentos em saúde na rede de atenção do DF para toda a população participante do evento. Entendemos que a roda de conversa foi muito frutífera e a troca de saberes com as lideranças indígenas presentes muito produtiva, o que indica a necessidade de sempre realizarmos trabalhos informativos para as várias populações indígenas residentes no Distrito Federal”, ressaltou. 

Para tratar da prevenção à tuberculose, esteve presente o Dr. Ubirajara Picanço, médico, docente da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) e especialista em tisiologia (estudo da tuberculose), que detalhou como a Tuberculose é transmitida, seus sintomas, tratamento e prevenção.  

O antropólogo e indigenista da Coordenação de Processos Educativos da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), Luiz Carlos Lages, também contribuiu para o debate, esclarecendo o papel da instituição no que concerne à promoção da saúde indígena. Esteve também presente na atividade o Sr. Paulo Henrique de Morais, Diretor Executivo da Caritas Arquidiocesana de Brasília (CAB). A atividade contou ainda com o apoio da equipe técnica da OIM na mediação e interpretação intercultural. 

“O apoio à participação de indígenas em mobilidade internacional durante o ATL foi fundamental, por se tratar de uma demanda apresentada pelas próprias lideranças, que compreendem como um espaço estratégico de articulação com outros atores do governo, sociedade civil e dos movimentos indígenas no Brasil”, destacou a assistente de projetos da OIM Luciana Vazquez. 

Encontro com representantes governamentais – Durante a semana, as lideranças puderam se reunir com representantes do Governo Federal para apresentar suas demandas nas áreas de cidadania, regularização migratória, atendimento nos serviços públicos e combate ao racismo e à xenofobia. O encontro, realizado na Casa da ONU, foi mobilizado no âmbito da Plataforma Regional de Coordenação Interagencial (R4V) composta por agências da Nações Unidas e organizações da Sociedade Civil. Na ocasião, estiveram presentes representantes do Ministério dos Povos Indígenas, Ministério da Saúde, Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Ministério do Desenvolvimento Social e a FUNAI. 

A participação da delegação de lideranças indígenas venezuelanas no ATL foi apoiada, além da OIM, por ONU Mulheres, Agência da ONU para Refugiados (Acnur), Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e a Fundação Pan-Americana de Desenvolvimento (PADF).