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Moradia é essencial para a segurança econômica de pessoas deslocadas internamente, afirma relatório

Assentamento no Afeganistão estabelecido em 2018 por deslocados internos fugindo da seca. Conflitos afetam muitas das províncias de origem das pessoas deslocadas, desencorajando muitos de retornar para casa. Foto: Muse Mohammed/IOM 

Berlim - Pessoas Deslocadas Internamente que têm acesso a moradias adequadas têm mais de três vezes mais chances de não depender de assistência humanitária e duas vezes mais chances de ter uma renda estável, de acordo com um estudo, publicado na última terça (21/11), pelo Instituto Global de Dados (GDI, na sigla em inglês) da OIM, Agência da ONU para as Migrações, em parceria com Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos. 

O Relatório PROGRESS, disponível em inglês, é uma análise abrangente do estado das soluções para o deslocamento interno em todo o mundo. 

 "Nossas descobertas estão mudando o debate de 'quando termina o deslocamento' para 'quando começam as soluções", disse a Vice-Diretora Geral de Operações da OIM, Ugochi Daniels. 

“Junto com as comunidades que apoiamos, a OIM está comprometida em não deixar ninguém para trás na busca por um futuro sustentável e resiliente. O PROGRESS nos mostra onde podem ser feitos investimentos para soluções eficazes, o que está alinhado com o que as pessoas deslocadas nos dizem: moradia adequada, meios de subsistência e integração local em situações em que o deslocamento persiste”. 

O relatório foca em 15 países, fornecendo insumos cruciais sobre os desafios e oportunidades enfrentados pelas pessoas deslocadas internamente. Destaca a importância da criação de empregos, segurança e promoção de um sentimento de pertencimento dentro das comunidades para superar as vulnerabilidades relacionadas ao deslocamento e, consequentemente, reduzir as disparidades entre os deslocados internos e suas comunidades de acolhida.  

Quinze países atualmente abrigam 37,5 milhões das 71,1 milhões de pessoas deslocadas internamente em todo o mundo, uma concentração que destaca a necessidade crítica por intervenções rápidas e direcionadas para lidar com o deslocamento interno em meio agravamento das crises humanitárias. 

O relatório PROGRESS foca nos países selecionados como pilotos pelo Escritório do Conselheiro Especial para Soluções para o Deslocamento Interno: Afeganistão, República Centro-Africana, Chade, Colômbia, Etiópia, Iraque, Líbia, Moçambique, Níger, Nigéria, Somália, Sudão do Sul, Sudão, Vanuatu e Iêmen. Para complementar os conjuntos de dados existentes, foram realizadas 74 discussões em grupos focais com deslocados internos, retornados e comunidades de acolhida em 10 países para ver como as próprias comunidades afetadas pelo deslocamento entendem quais são as barreiras para encontrar soluções e as formas de superá-las.  

"Estamos enfrentando dificuldades, não podemos arcar com as condições de vida atuais, com os preços dos produtos aumentando a cada vez", disse um líder comunitário etíope durante uma discussão em grupo focal, destacando sua dependência de ajuda humanitária e a importância do acesso a oportunidades de subsistência durante o deslocamento. "Além disso, perdemos tudo o que tínhamos antes do deslocamento, o que nos torna muito vulneráveis à escassez de recursos financeiros". 

Outros achados importantes: 

Impactos do Deslocamento Prolongado: Os dados mostram que, quanto mais tempo as pessoas estão em deslocamento interno, mais provável é que prefiram se integrar localmente ou se estabelecer em outro lugar, em vez de retornar para casa. Entretanto, há variáveis importantes que dependem da causa do deslocamento (conflitos ou desastres naturais), situação de moradia (acampamento ou não), idade e gênero.  

Empoderamento por meio do Financiamento do Desenvolvimento Inclusivo: Soluções sustentáveis dependem de financiamento inclusivo para o desenvolvimento. Empoderar as pessoas deslocadas internamente por meio de iniciativas como microfinanças e apoio a pequenos negócios é visto como um caminho para a autossuficiência. 

Enfrentando Disparidades de Gênero: Disparidades de gênero significativas são trazidas à tona, enfatizando a necessidade de intervenções direcionadas em áreas como segurança, estabilidade de renda e moradia para famílias chefiadas por mulheres. 

Soluções Centradas nas Pessoas: O relatório destaca a importância de estratégias centradas nas pessoas e operacionalmente relevantes. Soluções de longo prazo, incluindo integração local, criação de empregos, segurança e um sentimento de pertencimento, são fundamentais para resultados sustentáveis. 

“Durante décadas, atores humanitários vêm trabalhando para apoiar soluções para as pessoas deslocadas internamente, e um bom trabalho foi realizado no desenvolvimento de indicadores para acabar com o deslocamento forçado”, afirma Katharine Donato, Professora Donald G Herzberg de Migração Internacional na Universidade de Georgetown. "O PROGRESS se baseia nesses esforços e identifica descobertas baseadas em evidências que podem ajudar a levar as pessoas deslocadas internamente a soluções sustentáveis." 

Clique aqui para ler o relatório completo em inglês.