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Indígenas em Pacaraima geram renda e ampliam sua integração socioeconômica com apoio da OIM

Comunidade indigena Sorocaima Bananal ©Bruno Mancinelle / OIM2021

Pacaraima – Entre o Brasil e a Venezuela, duas comunidades indígenas brasileiras pareceram se acostumar com a mudança no cotidiano. De início, foi o abrir das portas para o acolhimento de venezuelanos da etnia Pemón e, depois, por conta do aumento populacional, veio o plano para trabalho e geração de renda através da agricultura familiar.

A mais de 200 quilômetros da capital roraimense, Pacaraima faz fronteira com a Venezuela. A proximidade entre as localidades facilitou a rota para que indígenas buscassem apoio nas comunidades de Sorocaima I e Bananal com o fluxo migratório, e foram recebidos pelos Taurepang, por se tratar do mesmo povo com origem e laços ancestrais.

Em novembro de 2020, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) realizou um levantamento e mostrou que das 1.800 pessoas que vivem nessas comunidades, 48% são indígenas venezuelanos. A partir desse crescimento de pessoas, revelou-se a necessidade de aprimorar as estruturas para geração de renda.

Depois de rodas de conversas, alinhamentos, conhecimento pré-existentes dos membros das comunidades, a OIM iniciou o planejamento para a integração socioeconômica. Ao longo de um ano, houve conversas com lideranças indígenas para entender as principais demandas das comunidades para inserção no mercado de trabalho.

Com as análises e apoio de um consultor agrônomo, materiais de construção, caixas d’agua, telhas e outros itens deram forma aos galinheiros que foram enchendo com animais, as hortas que deram frutos e os peixes que foram colocados no taque.

“É a primeira vez que recebemos um projeto assim, por isso nos esforçamos para dar seguimento. Agradeço por essa ajuda que vem da OIM, que está aqui estendendo as mãos para as comunidades indígenas. O que der aqui vamos compartilhar para sustentar os refugiados e migrantes que estão morando com a gente. Isso vai se tornar benefício para a comunidade local”, disse o presidente da Associação de Sorocaima 1, Manuel Bento.

Os resultados já estão sendo colhidos: com os frutos da horta, os moradores venderam as mudas em uma feira de Pacaraima. Os planos dos moradores é que a venda dos alimentos chegue às escolas municipais, possibilitando a ampliação da renda para refugiados e migrantes e da comunidade de acolhida.

Para Minandro, indígena Pemón, as atividades proporcionam sentimentos de esperança para melhoria de vida para ele e todos. “Estou há três anos aqui em Sorocaima 1 e me sinto muito contente porque através desse projeto vai ter benefícios. Não foi fácil, passamos por períodos de chuvas, teve muito trabalho, mas graças a todos, visualizamos que apoiaremos a comunidade”, afirmou.

“Proporcionar oportunidades de integração econômica aos indígenas venezuelanos no Brasil é uma máxima para a OIM. Nosso objetivo é possibilitar a sua integração no país de acolhida e que consigam gerar renda para manter seu sustento”, frisou a assistente de Integração Socioeconômica da OIM Tainá Aguiar. “O trabalho desenvolvido contou com o apoio de muitas pessoas das comunidades, foram momentos de aprendizado e trocas de experiências significativas”, complementou Aguiar.

As atividades de geração de renda para indígenas venezuelanos contaram com o apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América.