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Inclusão Digital de Migrantes e Refugiados em Contexto de Pré-embarque

Em um mundo cada vez mais digitalizado, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) reconhece a necessidade de migrantes e refugiados terem acesso a ferramentas e serviços digitais para facilitar sua inclusão e integração na sociedade. Reconhecendo isso, a OIM, por meio do programa “Orientação Canadense no Exterior” (Canadian Orientação Abroad, COA), conduziu uma pesquisa para entender melhor tanto as barreiras e os facilitadores de acesso dos refugiados, quanto a conectividade e habilidade de usar ferramentas digitais no estágio anterior ao desembarque, como vistas a melhorar o acesso a serviços de acomodação e integração junto com o reassentamento contínuo.

Este relatório fornece considerações sobre como os refugiados que participam no programa COA atualmente usam ferramentas digitais antes de chegarem ao Canadá, e quais barreiras encontram no processo. Isso é crucial para informar à OIM sobre oportunidades, limitações e recomendações para facilitar a integração de refugiados em suas novas comunidades.

 

RESULTADOS PRINCIPAIS 

Barreiras. Dificuldades atuais para usar as ferramentas digitais incluem custo, preocupação com privacidade, falta de habilidade e falta de conexão de internet. Entre os respondentes, 80% relataram ter um aparelho celular. Daqueles que não possuem um celular próprio, 95% indicaram que tinham acesso ao aparelho de outra pessoa. Entretanto, mesmo que eles tenham um celular ou usem o de outra pessoa, conectividade móvel e acesso à internet persistem sendo uma barreira, já que apenas 50% indicaram “sempre” ter conectividade móvel e 40% “sempre” terem acesso à internet.  

Implicações de gênero. Há desequilíbrios de gênero dentre aqueles que têm acesso a ferramentas digitais em termos de alfabetização digital e competências. Na maioria dos casos, era o marido que tinha acesso ao celular quando barreiras financeiras apenas permitiam um aparelho por família. O estudo também mostrou que até as mulheres que possuem um celular próprio podem não ter as habilidades necessárias para usar todas as funções.  

Deficiência. Barreiras adicionais ao acesso digital de refugiados incluíam deficiência visual e limitação na movimentação das mãos. Essas deficiências impediam que refugiados usassem seus aparelhos de celular de forma independente. Refugiados com deficiência afirmaram que frequentemente contavam com membros da família para acesso digital.   

Importância de Ferramentas Digitais. Refugiados têm suas perspectivas e preferências sobre as plataformas e canais digitais que usam, o que precisa ser levado em consideração. Esses canais digitais podem ajudar no fortalecimento da confiança com refugiados e na consistência e credibilidade das informações. Forte aceitação e uso de ferramentas digitais por organizações contribuem para a integração bem-sucedida de refugiados. 

 

CONSIDERAÇÕES FUTURAS 

De forma geral, este estudo confirma a gama de benefícios oferecidos pelas tecnologias digitais que fortalecem e expandem serviços de orientação pré-embarque. Entretanto, conectividade e acesso a ferramentas digitais permanecem desiguais, o que impõe barreiras ao desenvolvimento tanto de habilidades digitais quanto da alfabetização digital. 

  • Reconhecimento e advocacy sobre o papel fundamental que alfabetização digital e competências digitais têm na integração de refugiado após sua chegada. 

  • Desenvolvimento de uma estratégia digital ampla e coerente para apoiar o desenvolvimento de programas e políticas. 

  • Ênfase em ferramentas digitais como complementares à orientação presencial pré-embarque, e não um método para substitui-la.  

  • Realização de avaliações contínuas de acesso e alfabetização digital de migrantes/refugiados para melhor entender e gerenciar inclusão/exclusão. 

  • Consideração de treinamentos de alfabetização digital e de habilidades digitais para integração, incluindo segurança virtual, como parte do conteúdo das orientações pré-embarque. 

COLETA DE DADOS 

O estudo foca em refugiados que foram aprovados para reassentamento no Canadá e foca no acesso aos aparelhos de celular, conectividade, alfabetização digital bem como em suas habilidades. O estudo foi realizado com uma abordagem de método misto, onde foram coletadas respostas de mais de 300 refugiados em 22 localidades, que foram aprovados para reassentamento no Canadá. 

Desagregação de gênero: 146 respondentes se identificaram como mulheres, 162 como homens e 1 como não-binário. 

O questionário foi traduzido em 15 línguas. Para complementar os resultados da pesquisa, discussões em grupos focais com refugiados foram realizadas no Oriente Médio, Norte da África, Leste da África e na Tailândia. 

SOBRE O ESTUDO 

O estudo foi conduzido pelo programa “Orientação Canadense no Exterior” (Canadian Orientation Abroad – COA), no âmbito da Unidade de Treinamento e Integração de Migrantes na Sede da OIM em Genebra. O estudo foi possível graças ao financiamento do departamento de Imigração, Refúgio e Cidadania do Canadá (Immigration, Refugees and Citizenship Canada - IRCC). 

Para ler a publicação (em inglês), clique aqui.