Reunião realizada na quarta-feira (22) na sede do Governo contou com a presença de representantes da USAID

Porto Alegre – Desde 2018, A Estratégia de Interiorização do Governo Federal já possibilitou que quase 100.000 refugiados e migrantes vulneráveis da Venezuela seguissem de Roraima para outros estados do Brasil de forma voluntária em busca de novas oportunidades.

Dentre os estados que receberam os beneficiários dessa estratégia, o Rio Grande do Sul é o terceiro a acolher o maior número de refugiados e migrantes, sendo já quase 15.000 pessoas venezuelanas recepcionadas por essas vias, além das que chegam por conta própria.

Atender essa população e gerar frutos para a comunidade gaúcha foi tema de encontro realizado na última quarta-feira (22). Na ocasião o Vice-governador Gabriel Souza, e representantes da USAID, Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, e da OIM, Agência da ONU para as Migrações, discutiram ações sobre empregabilidade e capacitação profissional.  

A Assistente de gestão de projetos da USAID, Rumy Solano, ressaltou a importância de um trabalho integrado e participativo para soluções transformadoras. “A OIM e o Governo do Rio Grande do Sul, com o apoio da USAID, avançaram significativamente em ações de empreendedorismo, empregabilidade e inclusão financeira com refugiados, migrantes e a comunidade de acolhida. Hoje vemos não apenas o impacto dos investimentos na integração socioeconômica, mas também a importância de integrar o trabalho de cooperação nacional e internacional junto ao governo e à sociedade civil para criar soluções inovadoras que beneficiam as pessoas que vêm de outros países e a população local”, destacou.  

Um dos desafios observados durante a reunião foram as diferenças salariais que refugiados e migrantes em situação de vulnerabilidade enfrentam em empregos formais no Brasil. Dados do OBMigra (2020) indicam uma redução de rendimentos que passou de R$ 10,6 mil, em 2010, para 5,3 mil, em 2019. O estudo também indica que as mulheres desse público recebem menos em todos os níveis de escolaridade. Para lidar com essa situação, a reunião buscou discutir futuras parcerias que possam melhorar a integração dessas pessoas no mercado de trabalho e na sociedade gaúcha. 

“Historicamente, somos um estado que recebe muitos imigrantes. Nós temos um desafio muito grande devido às mudanças demográficas. Investir no capital humano é imprescindível para que possamos ter maior produtividade da população economicamente ativa”, avaliou o Vice-governador gaúcho, Gabriel Souza.  

Participaram também do encontro o Secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Mateus Wesp, e representação do governo municipal de Porto Alegre. A capital gaúcha compõe a lista de cidades que receberam o selo Migracidades, uma parceria entre OIM e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com o apoio da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), que visa o aprimoramento da governança migratória. 

“Temos visto que o Rio Grande do Sul é inovador no âmbito de tecnologia e inovação social e muito receptivo na forma que acolhe e integra refugiados e migrantes, reconhecendo a contribuição positiva que fazem para o desenvolvimento socioeconômico do estado”, ressaltou a gerente sênior de programa da OIM Michelle Barron. “Estamos muito felizes de fortalecer nossa parceria com o governo e continuar trabalhando juntos nos próximos anos”, complementou. 

Oportunidades em solo gaúcho  

Por meio do projeto Oportunidades – Integração no Brasil a OIM realiza ações para impulsionar a integração econômica de refugiados e migrantes no Rio Grande do Sul e outros 11 estados, além do Distrito Federal. Desde 2019, a iniciativa já apoiou a contratação de mais de 3 mil venezuelanos, sendo 1.200 em solo gaúcho. Ao todo, o projeto apoiou mais de 23.250 pessoas com treinamentos sobre empreendedorismo, recurso financeiro, formação profissional e treinamento da língua portuguesa. 

O projeto Oportunidades é realizado pela OIM com apoio financeiro da USAID.