Boa Vista – O Centro de Capacitação da Agência Adventista de Desenvolvimentos e Recursos Assistenciais (ADRA) realiza treinamentos e cursos profissionalizantes com apoio da Organização Internacional para as Migrações (OIM) para refugiados e migrantes venezuelanos que buscam inserir-se no mercado de trabalho brasileiro.

As próximas capacitações serão para promotor de vendas e de assistente administrativo para comércios e serviços, ambos com 40 horas de duração.

O espaço, localizado no bairro Tancredo Neves, zona Oeste de Boa Vista, foi totalmente reformado pela ADRA, que recebeu doações de centrais de ar, mesas, cadeiras universitárias e fixas, projetores e telões de projeção doados pela OIM. Os equipamentos são utilizados em duas salas de aula, uma de informática e uma de marcenaria.

“A ideia surgiu ao ver as necessidades que apareceram em Boa Vista, com tantas pessoas em busca de vagas de emprego e outras à procura de empregos, porém, muitos não possuem qualificação. A partir disso, fizemos essa conexão de capacitar as pessoas para conseguirem um posto de trabalho”, relata o diretor regional da ADRA Roraima, pastor Arlindo Kefler.

Os cursos são ministrados por meio de uma parceria entre a OIM e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial em Roraima (Senac-RR) nas modalidades virtual e presencial com aprendizado em panificação, hotelaria, informática, administração e saúde, possibilitando o benefício para centenas de refugiados e migrantes venezuelanos.

Para a assistente de projetos da OIM Tainá Giordan as capacitações dão novas oportunidades aos beneficiários. “É uma chance para os venezuelanos e sobretudo os jovens aprenderem o idioma local, novos ofícios e aprimorar possibilidades. A OIM entende a necessidade de espaços como esses, que beneficiam os refugiados e migrantes e a comunidade de acolhida”, diz.

Como forma de celebrar o talento e esforço dos que participaram das atividades, três salas do centro foram nomeadas em homenagem a ex-alunas e alunos. As placas foram fixadas nas portas das salas com os nomes e histórias de Dubenson Manzanilla, Gricelia Báez e Kerim Valentina García López, venezuelanos que chegaram ao Brasil em 2017 e se integraram na sociedade brasileira e poderão servir de inspiração para novos estudantes.

“Sou artista plástica há 20 anos, mas quando cheguei virei ambulante nas ruas. Para me adaptar, fiz cursos de português e de empreendedorismo. Foi quando utilizei o que aprendi para voltar a vender quadros. Estou muito feliz e grata por essa homenagem que recebi aqui”, afirma Kerim.

Espaço oferecerá também formações para profissionais humanitários

Além de cursos para o público refugiado e migrante venezuelano, são ofertadas capacitações para trabalhadores humanitários e agentes públicos envolvidos nos atendimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade.

Por meio dessas formações, a OIM e parceiros buscam fortalecer competências e capacidades locais em áreas sensíveis, como atenção psicossocial, mediação laboral, prevenção ao tráfico de pessoas, exploração laboral e atendimentos de crianças e adolescentes separados ou desacompanhados.

A primeira capacitação desenvolvida e aplicada pela OIM ocorreu em agosto, com um grupo de profissionais da assistência social que trabalham nos Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) de Boa Vista.

As doações de equipamentos pela OIM foram possíveis com o apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América.