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‘Em breve estaremos juntas’: cinco anos depois, mãe e filha planejam reencontro no Brasil

Boa Vista – Os quilômetros entre o Brasil e a Venezuela marcaram a distância entre mãe e filha. Durante cinco anos, Yofeilys acompanhou o olhar da genitora apenas por uma pequena tela do celular, por onde mostrava seu marido e o crescimento dos filhos que a avó não tinha visto pessoalmente antes de sair do país de origem. Enma, a mãe, partiu em 2017 para a cidade de Londrina, no Paraná, em busca de uma vida melhor.

A separação ocorreu quando Enma decidiu buscar novas oportunidades em território brasileiro, atravessando a fronteira entre os países e chegando a Roraima. Como a mãe de Enma precisava de cuidados e Yofeilys tinha um filho recém-nascido, a jovem decidiu ficar no seu país e cuidar da avó.

Foi pelas ligações telefônicas que o filho mais novo de Yofeilys foi apresentado a Enma, aumentando ainda mais a saudade entre mãe e filha e o desejo do reencontro familiar. “Com o falecimento da minha vó, decidimos vir para o Brasil para estarmos todos juntos novamente. Viemos, principalmente, para buscar educação aos meus filhos”, contou Yofeilys.

Para chegar ao Brasil, a família se deslocou entre viagens de ônibus e caminhadas do estado de Bolívar até Pacaraima, município fronteiriço com o país vizinho. Por lá, realizaram a regularização migratória no Posto de Interiorização e Triagem (PITRIG), da Operação Acolhida, resposta humanitária do governo brasileiro à situação venezuelana.

“Não foi fácil deixar a Venezuela. Passamos por algumas dificuldades durante o trajeto e é triste ver tantas pessoas saírem do nosso país. São muitas famílias que buscam no Brasil uma vida melhor. Mas o mundo é bom e vai nos apoiar. Temos muita gratidão ao Brasil por tudo”, afirmou Yofeilys.

Com a documentação em mãos, a jovem acompanhada dos filhos e marido seguiu até a capital roraimense, Boa Vista, onde iniciaram o processo para participar da Estratégia de Interiorização do governo federal. Poucos dias depois, com o apoio da OIM, Agência da ONU para as Migrações, e tendo passado pela revisão documental, o contato com a receptora em Londrina sido feito e a participação na sessão informativa sobre a viagem concluída, o sentimento de felicidade de estar cada vez mais próxima de rever a mãe só aumentava.

atendimento documentação

“Estou muito contente porque vou vê-la! Ela vai conhecer o neto. Nós duas estamos esperando por esse momento há muito tempo. Minha mãe pede fotos o tempo todo e manda mensagens, também está contando as horas. Quero estar com minha família em paz, com meus filhos tendo uma nova vida”, disse. Para o futuro, Yofeilys tem planos para que possa se estabelecer e retomar a carreira de costureira que tinha no país de origem, assim como o marido retomar às atividades de barbeador em uma barbearia própria.

Durante o processo para a análise documental, Yofeilys e o marido, Bladimir, receberam ainda informações sobre o processo de matrícula para as crianças nas escolas brasileiras, uma iniciativa do projeto de Passaporte para a Educação, realizado pela OIM em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Já na viagem, a Organização irá apoiar com o acompanhamento até o destino final em Londrina, quando toda família irá compartilhar do mesmo abraço.

Cinco anos depois, Yofeilys finalmente pôde enviar uma mensagem à mãe que tanto esperava: “em breve estaremos juntas”.

mensagem texto reencontro

Entre abril de 2018, quando se iniciou, e fevereiro de 2022, a Estratégia de Interiorização beneficiou mais de 70.000 venezuelanos, que foram acolhidos em 800 municípios de todas as regiões do Brasil.

Confira aqui o informe de interiorização de fevereiro

As atividades de interiorização da OIM contam com o apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América.