Kiev, 12 de abril – A Diretora-Geral da OIM, Agência da ONU para as Migrações, Amy Pope, concluiu sua visita de cinco dias à Ucrânia com um apelo por maior solidariedade e apoio humanitário global.  

Pope foi calorosamente recebida pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy. “Somos gratos à OIM por ajudar famílias ucranianas; em primeiro lugar, com moradia. Essa é uma prioridade para aqueles cujas vidas foram destroçadas pela guerra,” afirmou, adicionando que a Ucrânia conta com o apoio contínuo da OIM. 

A Diretora-Geral Pope chegou a Kiev após visitar áreas gravemente danificadas, incluindo Odesa e Mykolaiv. Ela prestou homenagem à resiliência do povo ucraniano e aos esforços de recuperação liderados pelas autoridades locais e nacionais, alertando, ainda, que muito mais ajuda é necessária. 

“Sinto-me inspirada e humilde pela força das pessoas que conheci – mulheres que viajaram de regiões sob ataque ative, que partiram com muito pouco além da roupa no corpo e seus filhos no carro,” disse Pope após encontrar pessoas deslocadas em um abrigo apoiado pela OIM na cidade de Mykolaiv, na linha de frente. 

Dentre elas, estava Liudmyla, deslocada de Kherson, que disse a Pope: “Um foguete atingiu nosso prédio, mas sobrevivemos. O vidro estilhaçou. Conseguimos nos cobrir com cobertores e evitar ferimentos. Depois corremos para o carro e partimos. Não conseguimos levar nada conosco.” 

A visita começou um dia depois dos ataques que tiraram as vidas de dezenas de civis no leste e sul da Ucrânia, levando a Diretora-Geral a alertar que a situação humanitária está na verdade piorando para muitos.  

"Esses ataques constantes nos lembram da tremenda resiliência dos ucranianos e suas necessidades imediatas,” afirmou. “Pessoas deslocadas e comunidades de acolhida necessitam de assistência urgente à medida que continuam a suportar ataques de mísseis, destruição de infraestrutura e cortes frequentes de energia elétrica.” 

A OIM estima que mais de 3,3 milhões de pessoas, incluindo 800 mil crianças vivendo ao longo das linhas de frente estão em necessidade extrema de assistência emergencial.  

À medida que a guerra entra em fase prolongada, pelo menos 14,6 milhões de pessoas – impressionantes 40% da população ucraniana – necessitam de ajuda humanitária. Esse número continua crescendo a cada dia. 

A viagem de Pope começou na fronteira de Palanca, perto de Chisinau, Moldávia, onde a OIM prestou auxílio a milhares de pessoas deslocadas da Ucrânia a caminho da União Europeia. Prosseguindo para Mykolaiv e Odesa, ela se encontrou com autoridades e visitou vários locais onde a OIM reconstruiu infraestruturas essenciais danificadas pela guerra. 

No terceiro dia de sua visita, a Diretora-Geral foi recebida pelo Presidente Volodymyr Zelenskyy, o Ministro das Relações Exteriores Dmytro Kuleba e a Vice-Primeira Ministra e Ministra da Economia Yulia Svyrydenko. Pope assinou acordos bilaterais de cooperação renovados com o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia e o Ministério da Economia, que focam na recuperação e reconstrução, com ênfase na revitalização econômica. 

Em uma mesa redonda com doadores em Kyiv na quinta-feira (11), a Diretora-Geral Pope apelou à comunidade internacional para "manter o curso de assistência à Ucrânia e não se afastar neste momento crítico." 

A estratégia de três anos da OIM para a Ucrânia inclui o fortalecimento da colaboração com o Governo para fornecer apoio programático abrangente em todos os setores, com ênfase no fortalecimento da capacidade dos parceiros nos níveis mais locais. Enquanto aborda as necessidades humanitárias imediatas, as intervenções da OIM também se concentram na restauração dos meios de subsistência, no fortalecimento da resiliência comunitária e na implementação de soluções duradouras para a recuperação a longo prazo. 

De acordo com o Plano de Resposta Estratégica para a Ucrânia e Países Vizinhos, recentemente lançado pela OIM, a organização requer 1,5 bilhão de dólares para os programas de resposta na Ucrânia e 11 países dentro da região nos próximos três anos. Somente na Ucrânia, estima-se que sejam necessários 370,3 milhões de dólares em 2024. 

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Riccardo Severi, OIM Moldávia – rseveri@iom.int