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Desde 2018, mais de 30 mil meninas e mulheres foram interiorizadas pela Operação Acolhida com apoio da OIM

Recomeço. Entre as milhões de palavras para descrever a chegada em um novo destino, essa é a escolhida pela maioria daquelas que ingressaram na Estratégia de Interiorização. Motivadas por novas oportunidades de emprego, reencontros familiares ou de amigos e novos caminhos, o embarque no avião desde Boa Vista ou Manaus representa nova etapa de vida para meninas e mulheres que buscam no Brasil uma chance após atravessar a fronteira com a Venezuela.

Implementada em 2018 pela Operação Acolhida, resposta humanitária coordenada pelo Governo Federal à crise humanitária venezuelana, a estratégia de Interiorização leva voluntariamente refugiados e migrantes venezuelanos vulneráveis de Roraima e Amazonas para outros pontos do país como medida para aliviar as estruturas públicas da Região Norte e permitir a ampliação de possibilidades para integração socioeconômica dos que desejam permanecer em território brasileiro.

Desde o começo, até este 8 de Março 2022, Dia Internacional da Mulher, mais de 30 mil beneficiárias voaram para 730 municípios brasileiros, representando 43% de todos aqueles interiorizados.

Nessas diversas histórias que formam essa realidade, estão aquelas que chegam no local de destino com a carteira de trabalho assinada por meio da modalidade de Vaga de Emprego Sinalizada (VES), sendo mais de 70 venezuelanas somente em fevereiro de 2022. Sol Maria foi uma delas, saindo de Roraima para atravessar toda extensão do país até chegar no Rio Grande do Sul, onde foi contratada em uma empresa frigorífica.

“Cheguei em um estado que ainda não conheço, mas já sinto que é um sonho se tornando realidade, pois me sinto forte para trabalhar e ajudar minha família na Venezuela”, celebrou.

Luis Daniel e Sol
Luis Daniel e Sol

Há também aquelas que ingressam no mercado depois da interiorização, como Rosimary. A chegada em Roraima foi marcada no calendário de 2020, em busca de oportunidades para ela e a filha.

“Busquei por todo apoio que nós, venezuelanos, recebemos para seguirmos adiante e avançarmos com nossas vidas aqui, no Brasil. Hoje moro em Santa Teresina, em São Paulo, junto com a minha família. No começo, a mudança foi difícil, mas agora trabalho. Para o meu futuro, quero seguir em frente, progredir e cuidar da minha filha”, relatou.

Todos esses processos são resultados do trabalho do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização dos Imigrantes em situação de vulnerabilidade, coordenado pelo Ministério da Cidadania, com o apoio em particular da OIM, Agência da ONU para as Migrações, que atua na montagem de processos, revisão documental, entrevistas com participantes e avaliações médicas, além de entrega de materiais de apoio, compra de passagens aéreas e acompanhamentos até os destinos finais.

Segundo o coordenador de Interiorização da OIM, Eugênio Guimarães, os números alcançados refletem no trabalho realizado pela equipe. “A grande satisfação e alegria é a de saber que os sonhos de 30 mil meninas e mulheres, nos últimos quatros anos, foram realizados. Nosso suporte tem sido e é fundamental, pois, além das 8 mil meninas e mulheres interiorizadas com passagens adquiridas pela OIM, nossas atividades beneficiaram a realocação de mais 70 mil pessoas ao longo destes quatros anos de Operação Acolhida”, destacou.

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Para a coordenadora do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização do Ministério da Cidadania, Niusarete Lima, a estratégia possibilita novos futuros. “Estar na linha de frente da estratégia de interiorização e fazer parte da concretização dos sonhos dessas mulheres é uma alegria e um orgulho, como servidora pública do governo federal. O olhar de esperança que vemos em cada rosto dessas mulheres, ao embarcarem para outros destinos, fora de Roraima e Amazonas, é emocionante. Contribuir para o desenvolvimento das meninas de hoje, para que amanhã se tornem mulheres confiantes e independentes, nos dá a sensação de dever cumprido”, complementou.

INFORME – Em alusão ao mês da mulher, o Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização de Imigrantes em Situação de Vulnerabilidade e a OIM publicaram um informe especial com dados de meninas e mulheres interiorizadas, lançado nesta terça-feira (8), com referência ao mês de fevereiro deste ano.

Dentro das 30 mil beneficiárias interiorizadas, mais de 18.500 eram mulheres (65%) acima de 18 anos, e as meninas menores de idade chegaram ao total de 11.600. Distribuídas pelo país, a Região Sul foi a que mais recebeu mulheres refugiadas e migrantes, abrangendo 51% das interiorizações.

O município de Curitiba foi destaque no recebimento de mulheres, seguido de São Paulo e Manaus. A modalidade de Reunião Social contemplou metade das interiorizadas, com Abrigo em segundo lugar e Reunificação Familiar em terceiro.

Em fevereiro, 77 mulheres foram interiorizadas na modalidade vaga de emprego sinalizada, das quais 23 (30%) são titulares dos postos de trabalho sinalizados.

As atividades da OIM dentro da Estratégia de Interiorização contam com o apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América.

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