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Comunidades quilombolas e indígenas do Pará e Amazonas recebem apoio da OIM na prevenção ao coronavírus

Belém – Em águas que afluem na Amazônia, o Rio Guamá traça os caminhos que levam às comunidades quilombolas que se encontram isoladas pela floresta, a cerca de 13 quilômetros da capital Belém, no município de Acará. A via fluvial é o meio mais acessível para se chegar até as localidades de Amarquisi, Espírito Santo, Guajará-Miri, Itacoã-Miri e Paraíso. 

Para alcançar a população desses municípios e auxiliar na prevenção contra o novo coronavírus, a equipe da OIM, Agência da ONU para as Migrações, embarcou de Belém, no início de julho, com 300 kits de higiene familiar. A ação levou ainda informações sobre meios de prevenção e visou escutar as comunidades para melhor entender as necessidades dos moradores. 

As atividades dão apoio às comunidades quilombolas do norte do país que, assim como indígenas e ribeirinhos brasileiros, foram impactados com a pandemia de COVID-19, especialmente pelas limitações no acesso a serviços de saúde e de transporte para aquisição de itens de proteção. Essas famílias vivem, em sua maioria, da agricultura familiar com cultivo e coleta de açaí, mandioca, cacau e outras frutas regionais. 

Conforme a liderança da comunidade de Guajará-Miri, Walquíria, as ações demonstram o cuidado aos quilombolas e a importância de apoio a essas localidades. “Alguns moradores terão agora oportunidade de fazer a própria higiene, pois muitas vezes não possuem condições de comprar esses produtos. Isso tudo é algo tão importante. Para quem tem necessidade, quem precisa, é algo maravilhoso. Muitas pessoas me procuraram para agradecer por terem sido lembradas”, disse.  

Além dos itens para higienização pessoal e do ambiente familiar, os moradores receberam máscara de proteção para reforçar o combate ao vírus. “Nesse momento de pandemia, a comunidade quilombola passou por muitas necessidades financeiras, então esse kit vai facilitar, pois assim conseguimos economizar nas compras e na passagem para irmos até a cidade, seriam dois gastos. Isso faz diferença”, relatou Márcia Elizabete, moradora de Amarquisi.  

“Nossa Amazonia é marcada por ser um espaço de temporalidades distintas, um lugar de grande diversidade cultural, modos de vidas, como é o caso das comunidades quilombolas do Pará. Foi uma rica experiência podermos escutar da própria comunidade o quanto essas doações chegaram em boa hora”, relatou o assistente de projetos da OIM em Belém Francisco Batista.  

AMAZONAS – A distribuição de kits de higiene e limpeza também tem atendido a comunidades tradicionais do Amazonas, especialmente nas cidades de Manaus, Iranduba, Autazes, Novo Airão e Manacapuru. 

Desde o início do ano, cerca de 10 mil indígenas e ribeirinhos brasileiros já foram atendidos pela OIM somente com o recebimento de kits e informações sobre higiene, limpeza e prevenção à COVID-19.   

As ações também chegaram ao Parque das Tribos, considerado o maior território indígena urbano do Brasil, com mais de 30 etnias, como Munduruku, Baré, Witoto, Kokama, Mura, Sateré-Mawe, Miranha, Marubo, entre outras. No local, foram atendidas mais de 700 famílias.  

Para o cacique Ismael Munduruku, as ações têm sido muito importantes para a comunidade. “A OIM é uma grande parceira, com um trabalho que faz muita diferença para as famílias”, afirmou. 

A OIM tem identificado e apoiado os moradores de comunidades indígenas urbanas de Manaus, como Waina Parque, Jurupari e Cristo Rei. “Nosso objetivo é chegar às comunidades mais distantes e com maior necessidade para beneficiar e apoiar os povos originários”, disse a assistente de campo de Atenção Direta da OIM em Manaus Iandra Barroso. 

As atividades da OIM no Pará e no Amazonas contam com o apoio financeiro da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).