Pacaraima – Nos braços de Alexandra, o filho de 2 anos encontra aconchego materno durante o atendimento médico realizado pela OIM, Agência da ONU para as Migrações. A consulta ocorre na Unidade Básica de Saúde Alaíde do Carmo Bruce Fernandes, mais conhecida como UBS da Pedra, no município roraimense de Pacaraima, fronteiriço com a Venezuela. “É bom passar por essa avaliação e receber remédio para ele”, disse Alexandra, com a tranquilidade de saber que a criança está em boas mãos. 

O atendimento do filho de Alexandra é um dos mais de 38 mil já realizados pela equipe de Saúde da OIM em diversos municípios de Roraima desde 2020. Somente em Pacaraima foram quase nove mil atendimentos. 

Os serviços promovidos pela OIM em parceria com as redes públicas estadual e municipais fortalecem a saúde local dando suporte à comunidade brasileira e a refugiados e migrantes venezuelanos que atravessam a fronteira entre os dois países. No estado, a atuação da OIM ocorre ainda no âmbito da Operação Acolhida, resposta humanitária do governo brasileiro ao fluxo de pessoas do país vizinho. 

Fernando foi buscar serviços de saúde para sua família na UBS da Pedra. Foto: OIM/Bruno Mancinelle

Na UBS da Pedra, o venezuelano Fernando também foi buscar os serviços de saúde para sua família. Após deixar a cidade de Puerto Ordaz, ele viu no Brasil a possibilidade de um futuro para todos, com chances de trabalho e educação. “Vim com minha esposa e quatro filhos para este lugar. Graças à OIM e à Operação Acolhida, estamos sendo bem atendidos, com muita atenção, alimentação, parte médica, sempre com respeito.”, afirmou. 
 
O apoio da OIM à rede local também se dá facilitando o acesso à saúde a diferentes comunidades remotas. Isso é feito graças às suas Unidades Móveis de Saúde, que percorrem os municípios de Roraima. Nas unidades são ofertadas consultas médicas em atenção primária, são dados requerimentos para exames quando necessários e ocorre a dispensação de medicamentos.

“As vans nos permitem aprimorar o atendimento das comunidades que não possuem facilidade de chegar aos centros de saúde. É um espaço que serve tanto para as avaliações dos pacientes de forma individualizada como para transporte de medicamentos. Assim, reforçamos os cuidados em locais que carecem desse complemento”, explicou a coordenadora de Saúde da OIM, Mariana Camargo. 

A equipe de saúde da OIM atua ainda nos Postos de Recepção e Apoio (PRA) da Operação Acolhida, nas comunidades indígenas de Pacaraima e nas ocupações espontâneas, locais onde refugiados e migrantes venezuelanos estabelecem residência e são acompanhados também via levantamento de dados mensal que ajuda a identificar as principais necessidades dessas comunidades.  

“Estar presente nas diferentes estruturas de recepção e atendimento da população venezuelana nos permite ampliar os cuidados em saúde e diminuir a demanda da rede pública. É importante para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas, facilitando posteriormente a sua integração, além de apoiar a comunidade de acolhida”, complementa a coordenadora. 

Eduardo, médico da OIM, realiza atendimento de saúde no Posto de Recepção e Apoio (PRA) em Pacaraima. A iniciativa visa oferecer cuidados médicos essenciais aos indivíduos que passam pelo posto, fornecendo assistência médica e apoio humanitário durante o

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR – Para Eduardo, médico da OIM, ajudar e cuidar das pessoas sempre foi a motivação para que buscasse a medicina como profissão. Nascido em uma pequena cidade do Estado de Bolívar, a 400 quilômetros da fronteira que divide os dois países, hoje atua como profissional da saúde no município brasileiro. Após ter a revalidação do seu diploma no Brasil, Eduardo buscou trabalhar para reforçar os cuidados na atenção primária tanto para seus conterrâneos quanto para a comunidade que os recebeu. 

De acordo com o médico, a população venezuelana atendida apresenta diferentes complexidades pelas características do movimento migratório na região, seja por questões de saúde mais complexas, pelas diferentes condições climáticas ou por necessitarem de cuidados especiais. O profissional reforçou que o suporte multidisciplinar que a OIM oferta nos atendimentos de saúde junto com o governo local permite o controle de doenças infecciosas e reforça a qualidade de vida da população atendida em geral.  

“Ter uma equipe de saúde atuando diretamente com os refugiados e migrantes venezuelanos na área de fronteira é importante, pois existem muitas pessoas que vêm para o Brasil por questões de saúde. Ter atendimentos diretamente em Pacaraima nos permite melhor conhecer a situação do fluxo migratório, entender suas questões e auxiliar rapidamente as pessoas”, explicou o médico. 

A equipe de saúde da OIM na localidade é composta também por profissionais da enfermagem, que prestam auxílio nos atendimentos e com vacinação da população seguindo o calendário nacional estabelecido pelo Ministério da Saúde. Antônio, enfermeiro da etnia indígena Macuxi, realiza ainda orientações gerais de saúde e de higiene, de prevenção sobre saúde sexual e reprodutiva, testagem rápida para ISTs e COVID e acolhimento na rede local.  

Antônio, enfermeiro da OIM, realiza uma sessão informativa em uma ocupação espontânea na fronteira com a Venezuela. A ação tem como objetivo fornecer informações importantes sobre saúde e bem-estar para os moradores da ocupação. Foto: OIM/Bruno Mancinelle

“É gratificante poder ajudar, principalmente a esse público mais vulnerável. Para muitos, antes de chegar no Brasil, não tinham como realizar tratamentos, e quando chegam aqui se deparam com essa possibilidade. Informo a eles como funciona a saúde local e que é universal, disponível para todas as pessoas. Trabalhamos em parceria com o município e, dependendo da condição do paciente, fazemos os encaminhamentos com o sistema de saúde público para que eles busquem medicamentos e façam exames”, completou. 

As atividades de saúde da OIM em Roraima contam com o apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América.