Florianópolis – Durante um ano e meio, o cotidiano do jovem venezuelano Luiz Eduardo, de 21 anos, foi marcado pelo trabalho com rodos, baldes e vassouras na sua função de auxiliar de limpeza. Esse foi seu primeiro emprego, logo após concluir o ensino médio no Brasil. Ele chegou no país com sua família há seis anos. 

Hoje, o jovem continua rodeado por esses objetos, mas agora de uma outra perspectiva. Em julho de 2023, Luiz Eduardo foi contratado como Jovem Aprendiz por uma empresa catarinense que fabrica itens de limpeza e higiene para o Brasil e demais países do Mercosul e, desde então, trabalho junto ao departamento de design de produto. Dessa forma, ele complementa sua capacitação universitária ao mesmo tempo que é inserido no mercado de trabalho, tendo suas atividades registradas na Carteira de Trabalho e seus direitos assegurados. 

Cursando o segundo semestre da graduação em Design de Produto no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Luiz Eduardo acredita que o acesso ao ensino superior está ampliando suas oportunidades no mercado de trabalho. "Estar na faculdade me ajudou bastante a conseguir esse emprego, isso me incentiva a estudar cada vez mais. Gosto de participar da criação de produtos e de ter contato com outras equipes, como a do marketing e do comercial", afirma. 

A chance de atuar na empresa sediada na Grande Florianópolis surgiu por meio do Projeto Oportunidades - Integração no Brasil, iniciativa da OIM, Agência da ONU para as Migrações, que visa a integração socioeconômica de migrantes em situação de vulnerabilidade.  

Em Santa Catarina, o projeto atua com a ONG Círculos de Hospitalidade, responsável pela construção de parcerias com o setor privado e encaminhamento de pessoas migrantes a vagas de emprego. Dessa forma, mais de 170 pessoas de diversos países foram contratadas em 2023 em Santa Catarina. 

Foto: Sansara Buriti/Círculos de Hospitalidade

"A gente só tem a ganhar com o Luiz Eduardo. Além de ser estudante de design de produto, teve a experiência de usuário. Cuidamos do produto do início ao fim e o Luiz nos auxilia nesse processo como um todo", explicou a gerente de desenvolvimento de produtos Luana Neves. "Precisamos de equipes mais diversas. Pessoas com experiências diferentes da nossa é que vão agregar para o nosso futuro e diferenciação no mercado", concluiu.  

Para Luiz Eduardo, o futuro no país de acolhida é promissor. "Os primeiros meses no Brasil foram difíceis, entrei em crise e queria voltar. Hoje penso que ainda tenho muito o que aprender aqui", diz o jovem.  

O projeto “Oportunidades”, implementado pela OIM, é realizado com o apoio financeiro da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). 

 

Texto e fotos: Sansara Buriti (Círculos de Hospitalidade). Edição OIM.