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OIM e Brigada Militar do RS promovem treinamento das forças de segurança em contextos humanitários para gestão dos Centros Humanitários de Acolhimento

Porto Alegre – Visando aumentar os conhecimentos de membros das forças de segurança e suas chefias ao atuar em contextos humanitários, a OIM, a Agência da ONU para as Migrações, promoveu o Treinamento das Forças de Segurança em Contextos Humanitários: Policiamento de Proximidade e Perspectivas para Atuação no Rio Grande do Sul. A capacitação, que teve palestras, oficinas e simulações, reuniu durante dois dias no mês de setembro os gestores dos Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs), coordenadores da OIM e mais de 30 policiais militares. 

Desde julho, os CHAs abrigam pessoas que perderam suas casas durante as enchentes de maio de 2024, e contam com áreas de dormitórios, banheiros e vestiários com ducha, espaços multiuso e refeitório. A segurança dos centros é promovida pela Brigada Militar (BM) do Rio Grande do Sul, que atua em parceria com uma empresa de segurança privada. 

“A OIM reconhece que as forças de segurança são parte integrante de qualquer resposta emergencial. No sentido de aproximar as realidades da OIM e da Brigada Militar, além de propor formas de abordagem da população no sentido do policiamento comunitário, nós achamos importante organizar esse treinamento", explicou a coordenadora de emergência da OIM Sylvia Moreira. 

Para Sylvia, promover este tipo de aproximação com agentes da segurança, tendo um espaço para troca de ideias e vivências, permite que a OIM possa colaborar diretamente para uma atuação baseada nos direitos humanos. “Acredito que conseguimos passar essa mensagem no treinamento e ainda temos muito potencial para trabalhar ainda mais na compreensão de cada parte”, completou. 

Reservista com mais de 30 anos de BM, o Tenente Rees foi um dos agentes que participou da capacitação. De acordo com o policial, o curso foi vital para que a Brigada Militar pudesse conhecer de perto o trabalho de atuação da OIM, assim como os gestores dos Centros se integrarem sobre a segurança pública. O tenente, que atua no CHA Recomeço, em Canoas, faz parte do Programa Mais Efetivo (PME), uma iniciativa do Governo do Rio Grande do Sul que designou mais 400 policiais para atuar na resposta às enchentes do estado.  

“Me sinto ainda mais preparado, porque sei que, trabalhando junto, fazemos um serviço melhor. Aqui, a gente vê a necessidade de ajudar o próximo, de estender a mão a um abrigado. Ficamos felizes e vamos para casa satisfeitos”, destacou o tenente.  

A gestora do CHA Recomeço, Thais Lima, apontou que o treinamento aproximou os trabalhadores humanitários e os agentes de segurança pública, em prol do bem-estar das comunidades acolhidas. “Pudemos trocar experiências, olhares, pudemos somar ainda mais nossa relação de trabalho em conjunto. Esse treinamento nos gerou uma maior proximidade, que trará maiores benefícios aos acolhidos que estão nos CHAs, afinal, estamos aqui por eles e para eles”, explicou a gestora do centro que hoje abriga mais de 350 pessoas. 

Os temas abordados na capacitação foram definidos a partir das demandas encaminhadas pelos Centros Humanitários. Proteção contra exploração e abuso sexual (PSEA), coordenação e gestão de abrigos (CCCM), o funcionamento do sistema de gestão de segurança da ONU, Policiamento de Proximidade (CEP) e perfis de vulnerabilidade em contextos complexos integravam as linhas apresentadas.  

A aproximação das duas frentes contribui para o desenvolvimento de intervenções humanitárias e do policiamento comunitário baseados em uma abordagem ampla e transversal de direitos humanos, proporcionando acolhimento e proteção. Para que ambas as organizações atuem cada vez mais em conjunto, foram estabelecidos encaminhamentos, como reuniões semanais de balanço e atuação. 

RIO GRANDE DO SUL – Presente no estado desde 2020, a OIM ampliou sua atuação no Rio Grande do Sul após as enchentes de maio de 2024, que afetaram mais de 2 milhões de pessoas e desabrigaram outras milhares.  

Em parceria com o Governo do Rio Grande do Sul, e com financiamento do Sistema Fecomércio/SESC/SENAC, a Organização é responsável pela gestão dos Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs) que abrigam cerca de 850 pessoas. Além disso, a OIM promove ações voltadas a acesso a direitos e serviços, mutirões de documentação, doações, de empregabilidade e de capacitação e troca de saberes com atores locais.