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Integração precoce é crucial para lidar com as disparidades entre venezuelanos e haitianos, afirmam relatórios da OIM

Equipes da OIM conduzem diariamente um trailer humanitário pelas estradas de Quito, capital do Equador, fornecendo aos migrantes venezuelanos em trânsito pacotes de alimentos, água, kits de higiene, equipamentos para o frio e informações. Foto: OIM/Gema Cortes

Genebra, Suíça - Precedendo a Conferência Internacional em Solidariedade a Refugiados e Migrantes Venezuelanos, a ser coorganizada pela União Europeia (UE) e Canadá em 17 de março, novos relatórios da OIM sobre a integração de venezuelanos na América Latina e no Caribe provam que a falta de apoio à integração precoce leva a disparidades socioeconômicas duradouras entre os grupos de migrantes, que podem ter impactos negativos ao longo das gerações. 

Os escritórios da OIM no Peru, República Dominicana e Brasil aplicaram uma ferramenta baseada em questionários de pesquisa chamada Índice de Integração do IPL, parte de uma Caixa de Ferramentas de Medição de Integração da OIM, para obter informações sobre os níveis de integração de migrantes. Essa ferramenta mede o conhecimento, os recursos e as capacidades dos migrantes em seis dimensões principais de integração: psicológica, navegacional, econômica, social, linguística e política. No total, foram realizadas mais de 10 mil entrevistas. 

Enquanto os níveis de integração de todos os grupos de migrantes tendem a aumentar com o tempo de permanência, as mulheres migrantes apresentam pontuações de integração persistentemente mais baixas do que os homens em todos os contextos dos três países, independentemente do tempo de permanência, renda, educação e situação profissional. Sendo assim, é de extrema importância que as ações de integração sejam pensadas e realizadas de maneira que garantam a igualdade de gênero. 

Da mesma forma, o estudo brasileiro encontrou disparidades significativas nos resultados da integração entre migrantes haitianos e venezuelanos, com os primeiros tendo pontuações persistentemente mais baixas em todas as dimensões, independentemente do tempo de permanência, gênero, renda, educação e outras variáveis. 

O estudo peruano mostra que ter uma autorização de residência segura leva a melhores resultados de integração para os venezuelanos. Aqueles com status migratório regular tendem a ter maior capacidade de integração e maiores pontuações de conhecimento do que aqueles com status irregular. No entanto, o pertencimento social e a intenção de permanecer são semelhantes entre os dois grupos. 

Os estudos nacionais revelam que as medidas de integração precoce devem ser adaptadas às necessidades dos grupos vulneráveis ​​e sugerem uma série de políticas e programas que podem incluir, entre outras coisas, regularização, reconhecimento de habilidades e qualificações, desenvolvimento de habilidades, oportunidades de geração de renda e programas que abordam saúde mental, bem-estar psicossocial e coesão social. As conclusões são pertinentes diante da Conferência Internacional em Solidariedade a Refugiados e Migrantes Venezuelanos, que refletirá sobre o progresso feito na resposta à crise da Venezuela e mobilizará apoio adicional. 

“A aplicação de uma abordagem multidimensional para medir a integração fornece uma visão sobre a natureza interseccional das várias formas de inclusão e exclusão e como elas podem se desdobrar ao longo do tempo”, afirma a Diretora de Apoio ao Programa e Gerenciamento de Migração, Monica Goracci. “As descobertas contidas nesses estudos são fundamentais para projetar intervenções de integração mais eficazes”. 

Esta nova abordagem para medir a integração dos migrantes é diferente dos estudos anteriores porque considera não apenas aspectos práticos como acesso a serviços e empregos, mas também aspectos sociais e de relacionamento. Um guia prático sobre como usar essa nova abordagem estará disponível em breve. 

Para uma visão mais detalhada das descobertas, abaixo estão os relatórios completos dos países e um resumo do próximo kit de ferramentas de medição: 

 
Esta atividade foi realizada no âmbito da Iniciativa DISC em parceria com o Laboratório de Políticas de Imigração (IPL) do Instituto Federal de Tecnologia (ETH) em Zurique e financiada pelo Fundo da OIM para o Desenvolvimento e o Geneva Science-Policy Interface