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Casos de COVID-19 na América do Sul representam 87% do total da América Latina - OIM pede recursos

Buenos Aires - A COVID-19 chegou à América do Sul mais tarde do que a outras regiões, mas, em 21 de maio, dos 563.550 dos casos da doença relatados na América Latina pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 491.499 estão nos países sul-americanos (87% do total).

O Brasil se tornou o país com o maior número de infecções pelo novo coronavírus na América Latina. Em todo o mundo, apenas os Estados Unidos e a Rússia registraram mais casos.

Organização Internacional para as Migrações (OIM) lançou na semana passada (22) um apelo urgente, buscando 21,2 milhões de dólares para aliviar o impacto da pandemia de COVID-19 sobre os refugiados e migrantes mais vulneráveis ​​e suas comunidades anfitriãs em dez países da América do Sul: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

O Plano Regional de Resposta a Refugiados e Migrantes (RMRP) para a América do Sul é uma resposta abrangente e coordenada que aborda preocupações imediatas com a saúde, bem como o impacto socioeconômico de longo prazo da COVID-19. O plano também visa combater a desinformação que pode levar a sentimentos anti-migrantes, estigma e xenofobia.

Além dos riscos diretos à saúde da COVID-19, refugiados e migrantes na América do Sul estão enfrentando desafios socioeconômicos e de proteção significativos e exacerbados. Com a desaceleração econômica, refugiados e migrantes estão entre as comunidades mais vulneráveis ​​em risco de estigmatização e exclusão.

“A América do Sul agora está se tornando uma das regiões mais afetadas em todo o mundo, ocupando o terceiro lugar em termos de número de casos confirmados de COVID-19, depois dos EUA e da Europa”, disse Adriana Escariz, diretora regional da OIM para a América do Sul.

“Milhões de migrantes na região precisam de ajuda urgente, especialmente os mais vulneráveis”, acrescentou. “É urgentemente necessário financiamento para responder à COVID-19 em uma região que já enfrenta a saída de refugiados e migrantes venezuelanos, uma das maiores crises de deslocamento externo do mundo.”

Os países da América do Sul adotaram medidas restritivas de mobilidade humana para reduzir o impacto da pandemia. Bloqueios, toques de recolher, fechamentos de empresas e fronteiras fizeram com que os migrantes perdessem seus empregos, com impactos negativos nas rendas e nas remessas, muitas vezes resultando na perda de seu status migratório regular e bloqueando a possibilidade de retorno.

Todos esses fatores aumentam substancialmente a vulnerabilidade. O fechamento de fronteiras causou uma situação premente para centenas de indivíduos isolados, alguns incapazes de atender às necessidades mais básicas, incluindo alimentação, acomodação e assistência médica.

Existem cerca de 10 milhões de migrantes que vivem na América do Sul de diferentes países da região e do mundo. Destes, 80% são migrantes intra-regionais, sendo a migração da Venezuela a mais importante em termos quantitativos.

No geral, as condições dos espaços urbanos na América do Sul são frágeis devido a problemas como o déficit em transporte público e serviços de saúde e também a concentração de assentamentos informais.

Um novo padrão de migração interna emergiu dessa crise, com um número significativo de migrantes internos que se deslocam dos grandes centros urbanos para as pequenas cidades e vilas rurais localizadas nas províncias, devido à perda de emprego ou interrupção do trabalho no setor informal.

De acordo com o plano global da OIM, o plano regional para a América do Sul concentra-se em quatro prioridades estratégicas nos níveis comunitário, nacional e regional, que são:

Garantir uma resposta bem coordenada, informada e oportuna por meio de sistemas de rastreamento de mobilidade e fortalecimento de parcerias e estruturas de coordenação estabelecidas nos níveis comunitário, nacional e regional.

Contribuir com os esforços globais, regionais, nacionais e comunitários de preparação e resposta à COVID-19 para reduzir a morbimortalidade associada.

Garantir o acesso das pessoas afetadas a serviços e mercadorias básicos, especialmente às pessoas em condições mais vulneráveis, incluindo cuidados de saúde e serviços sociais e de proteção.

Apoiar parceiros internacionais, nacionais e locais para responder aos impactos socioeconômicos do COVID-19.

O apelo pode ser baixado aqui.

Plataforma Global de Resposta a Crises da OIM fornece uma visão geral dos planos e requisitos de financiamento da OIM para responder às crescentes necessidades e aspirações daqueles afetados por, ou em risco de, crise e deslocamento em 2020 e além. A Plataforma é atualizada regularmente à medida que as crises evoluem e surgem novas situações.